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[Plástico Pós-pandemia] ‘Novo normal’ do mercado é on-line, econômico e chegou para ficar

Albano Schmidt, presidente do Simpesc, fala sobre mercado, nova realidade e como a indústria projeta sua retomada

Para dar início à série de entrevistas com presidentes de sindicatos e associações referência no mercado industrial do plástico, falamos com Albano Schmidt, presidente do Simpesc (Sindicato da Indústria de Material Plástico o Estado de Santa Catarina) e presidente da Termotécnica.

Albano fez um panorama geral de como o estado de Santa Catarina passou pelas primeiras semanas do isolamento e como estão lidando com os próximos passos.

A retração no estado cegou a 70%, e esse número deve chegar a 30%, em um cenário positivo ao final do ano. Com a Interplast acontecendo na cidade de Joinville em novembro, Albano prevê o início de uma retomada que deve se consolidar em 2021. “Tínhamos projeções positivas para o mercado em 2020, já que a economia estava caminhando dentro daquilo que esperávamos. Com a pandemia, mudamos nosso foco e agora a expectativa é chegar a 80% do faturamento esperando para 2020, e isso será muito bom”, comenta.

Confira a entrevista na íntegra:

Plástico Virtual – Hoje o estado de Santa Catarina é o segundo maior transformador de resinas plásticas do Brasil. Como o estado se adaptou à nova realidade? Sabemos da iniciativa do Fiesc com o Protocolo Corona, mas gostaria de saber sobre o viés econômico. Houve retração considerável? Como lidam com os números?

ALBANO SCHMDIT – Quando começou e veio essa situação da pandemia, a primeira reação foi de caos, medo, especialmente quando fecharam as barreiras em todos os lugares e parou tudo.

As indústrias, em primeiro momento, deram férias para o pessoal. Daí, o governo estadual foi estendendo a quarentena de 15 em 15 dias. Como estava tudo fechado, a FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) passou a intensificar as formas de auxiliar a indústria do plástico, principalmente por conta dos materiais de equipamentos de proteção.

Sempre defendemos que as empresas não poderiam parar em sua totalidade, pois elas são responsáveis por insumos para outras empresas de caráter emergencial. O governo federal então lançou a medida provisória, com redução de jornada, auxílio emergencial, suspensão de contrato de trabalho e fomos nos adaptando com essa nova realidade. O que temos chamado de “novo normal”.

PV – E o faturamento, como está a estimativa para esse ano?

AS – Tínhamos projeções positivas para o mercado em 2020, já que a economia estava caminhando dentro daquilo que esperávamos.

Em um primeiro momento as empresas caíram mais de 60%, pararam os faturamentos de uma hora para outra, e acabou que passou um mês com essa realidade. Agora estamos caminhando um pouco mais aquecidos, só que o “novo normal” tem sido de 70% do faturamento pré-pandemia.

Com a pandemia, mudamos nosso foco e agora a expectativa é chegar a 80% do faturamento esperando para 2020, e isso será muito bom. A economia vai retomar, mas não vai retomar o que nós imaginávamos, ao menos não esse ano.

PV – Em relação a vagas de trabalho, e ao faturamento, como estão lidando com as perdas? Existe alguma iniciativa governamental para ajudar nesse quesito?

AS – Essa pandemia vai mudar muito todas as dinâmicas das indústrias, especialmente trazendo pra dentro da rotina a questão da transformação digital.

O funcionário, que antes realizava viagens, ou reuniões externas, ficou mais produtivo, o que resulta em uma redução no quadro sem afetar a produtividade, deixando tudo mais otimizado. A questão de funcionário temporário não existe mais, pois reduziu muito a demanda, e até voltar isso, vai demorar muito.

Para voltar ao quadro de funcionários que tínhamos antes da pandemia vai depender também da economia, que já tem sido discutido com o governo federal uma recuperação em “V”, só que mais suave a subida que a descida.

PV – O que espera do próximo ano?

AS – Nós esperamos estar com 100% da demanda em 2021, só que para esse ano temos a perspectiva de crescer, no máximo, 70% do que se esperava de 2020.

As empresas estão tendo que se reinventar, porque foi todo mundo pego de surpresa. As empresas aceleraram a transformação digital e não estavam preparadas para essa realidade.

PV Como lidam com a nova realidade? Existe alguma ação que queira destacar?

Tem alguns nichos específicos que estão com a demanda mais alta. Em nosso segmento, o de embalagens, demos uma travada, estamos operando em 50% do que esperávamos.

As empresas estão tendo que fazer reuniões on-line, estão tentando se transformar para continuar com seus negócios. Se antes despendíamos R$ 4.000,00 para uma reunião comercial em São Paulo, por exemplo, hoje usamos as ferramentas virtuais e ganhamos agilidade e economia.

Então acredito que o “novo normal” trouxe a possibilidade de aprender com a transformação digital e deixar os apertos de mãos para momentos mais estratégicos.

As indústrias têm se preparado para quando voltar, estarem com estoque cheio, lançamentos prontos e uma nova forma de mostrar quem são.

PV – Existe algum dado de recuperação econômica ou ao menos projeção?

AS – Temos que analisar segmento por segmento, não podemos generalizar que será rápida a retomada. Nós tínhamos na década de 70, o Brasil muito forte em autopeças, tínhamos uma indústria automobilística crescendo, só que hoje as montadoras precisam receber de fora toda a parte eletrônica, que está defasada por conta também da pandemia. Até desenvolver isso internamente, leva tempo, o que, por si só, já é um problema para esse setor, por exemplo.  

A indústria em maneira geral está com uma capacidade ociosa muito grande. As empresas que estão localizadas no Brasil que podem atender os seus mercados e substituir os produtos importados, que já estão aqui, têm capacidade para isso, mas é preciso direcionamento e análise para que o mercado não sofra ainda mais perdas com a troca.

PV – A oscilação do dólar afeta a produção local? De que forma?

AS – Nesse momento, o preço do petróleo nunca esteve tão baixo, atrelado isso ao custo das matérias-primas plásticas, que caiu muito. Só que isso é reflexo da queda da demanda mundial, que está em baixa.

Pro Brasil está vindo muito menos navios trazendo matérias-primas, fazendo com que fique muito mais caro esse frete. A conta é simples, com muita demanda, melhora-se a oferta, os fretes tendem a cair e com eles os preços, só que essa não é a nossa realidade.

O dólar está muito alto, e com isso o frete aumenta demais, e acaba prejudicando. E o Brasil tem se destacado em incentivar a compra do mercado nacional, que antes não era tão competitiva em preço com a China, por exemplo, mas hoje volta ao páreo.

A China montou uma produção muito mais barata, por ser muito grande, e de uma hora para a outra você não pode contar mais com eles, e então incentivar o mercado local tem sido a melhor alternativa para driblar a alta da moeda americana e fomentar os negócios no país.

PV – A cidade deve receber a Interplast em novembro. Você enxerga como positivo a feira nesse momento? Alguma expectativa com o evento?

AS – Primeiro, nós queríamos mantê-la em agosto, sua data original, só que chegamos à conclusão de que seria muito arriscado para todos, expositores e visitantes.

Quando você participa de uma feira, você tem oportunidade de mostrar sua empresa, seus equipamentos ou produtos, conversar cara a cara com o cliente.

Estamos prevendo que a Interplast seja positiva, sim. Talvez diminua os números de visitantes, mas quem vir para a feira, é aquele visitante que quer fazer negócio, quer conhecer o fornecedor dele. Por enquanto, a feira continua com data para acontecer em novembro, e até lá trabalharemos para que ela seja o mais segura possível para todos.

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