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Pesquisadores da UFMG criam embalagem plástica sustentável

Criaram também espuma capaz de absorver pesticidas

A degradação do meio ambiente ao longo de décadas impõe à sociedade e à ciência a necessidade de pensar e executar alternativas que reduzam impactos gerados na fauna e na flora. Na tentativa de amortizar essas consequências, um grupo de pesquisadores da UFMG está envolvido na produção de soluções tecnológicas.

O Laboratório de Engenharia de Polímeros e Compósitos (Lepcom) da instituição chegou a dois resultados: embalagens plásticas desenvolvidas com resíduos orgânicos, que já teve a patente requerida junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), e espuma sustentável capaz de absorver pesticidas de alimentos.

“De um lado, temos um cenário onde há contribuição grande dos plásticos para os danos ao meio ambiente. Por outro, em várias aplicações práticas, temos este material envolvido e eu diria até que não temos como pensar em uma vida moderna sem o plástico, pois somos dependentes dele”, observa Rodrigo Oréfice, coordenador do grupo de pesquisa e professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e Materiais da UFMG.

“O objetivo era desenvolver um material que absorvesse, com eficiência, grande quantidade de contaminantes, mas que tivesse um custo baixo e fosse viável. Essa espuma, além da viabilidade técnica, ambiental e econômica, pode ser reaproveitada” (Marys Braga, pós-doutoranda em engenharia pela UFMG)

Resíduos

Com o envolvimento de cinco alunos da universidade mineira, da iniciação científica ao pós-doutorado, e financiamento público, a criação da sacola biodegradável – produto que, no dia a dia, é descartado rapidamente – utilizou materiais comparáveis aos atuais, mas com impacto ambiental menor.

“Detectamos alguns resíduos da indústria alimentícia, como derivados de cascas de frutas, extraímos moléculas e produzimos materiais parecidos com o que estamos acostumados em termos de embalagens”, explica Oréfice.

O professor destaca que o material gerado usou parte de plásticos tradicionais ou polímeros (compostos químicos), mas uma grande quantidade, às vezes mais de 50%, desses componentes naturais.

Proteção

Outro braço do grupo de pesquisa da UFMG envolve a pós-doutoranda em engenharia Marys Braga. Ela é a responsável por desenvolver uma espuma sustentável, que absorve contaminantes como herbicidas e pesticidas.

De poliuretano e à base de óleo de mamona, o produto demonstrou alta eficiência. “Em contato com determinado alimento que esteja com excesso de pesticida, é possível remover o contaminante sem perder as propriedades do alimento”, relata Marys.

Uma das grandes vantagens da espuma é possuir baixíssimo custo e ser muito disponível, “bem menor que o carvão ativado, atualmente utilizado para este fim”, coloca a pós-doutoranda. Além das viabilidades técnica, ambiental e econômica, o produto é reaproveitável. “É possível lavar e remover os contaminantes por vários ciclos, o que não acontece com o carvão ativado”, esclarece Braga.

O trabalho da pesquisadora da UFMG rendeu, em março deste ano, um artigo publicado na revista científica holandesa “Journal of Hazardous Materials”.

“Há situações que envolvem o transporte e a preservação de alimentos em que as embalagens plásticas são muito úteis. Podemos pensar nesses materiais como um dos grandes sustentáculos de questões envolvendo o combate à fome”. (Rodrigo Oréfice, professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e Materiais da UFMG).

Sacolinhas

Apesar da busca por soluções mais amigáveis para o meio ambiente, sozinhas, as equipes de cientistas da UFMG e de outras instituições ao redor do mundo não conseguirão conter os danos causados à natureza pelo uso excessivo das sacolinhas plásticas.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, por hora, são distribuídas 1,5 milhão delas no Brasil. Por isso, desenvolver o olhar para esse objeto e refletir antes de usar mais uma se faz tão importante.

“Temos que perceber que nosso cenário é bem complexo e vai exigir de todos um pouco. Então, vale uma série de políticas de conscientização e de educação para conseguirmos controlar isso”, coloca Rodrigo Oréfice, coordenador do grupo de pesquisa e professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e Materiais da UFMG.

A característica mais marcante do plástico é a impermeabilidade. Isso significa que retém a água e dificulta a biodegradação de resíduos orgânicos. Dessa maneira, mesmo que o descarte seja correto, ainda assim traz danos ao ambiente.

“Do lado da universidade, nosso papel é mostrar que podemos disponibilizar novas tecnologias que vão abrandar, ajudar, mas não existe solução milagrosa para isso, são questões que não podemos ignorar. Não penso que devemos banir algum desses materiais, precisamos minimizar questões ambientais”, diz Oréfice.

Fonte: Folha de São Paulo

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