O Fomes fomentarius, um fungo comedor de madeira, tem estruturas que podem ser utilizadas para criar uma alternativa biodegradável ao plástico, como revelou um estudo publicado na revista Science Advances sobre as propriedades mecânicas desse ser vivo.
A princípio, a pesquisa foi desenvolvida por um grupo de cientistas do Centro de Pesquisa Técnica VTT da Finlândia, e sinaliza pela primeira vez as complexas características estruturais, químicas e mecânicas adaptadas ao longo da evolução pelo fungo.
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Essas características podem se usar para produzir materiais sustentáveis, ultraleves, robustos e resistentes a impactos.
Como, por exemplo, na fabricação de coletes à prova de balas, equipamentos esportivos, exoesqueletos para aeronaves, entre outros.
Esmiuçando o fungo
Também chamado de “fungo do casco” por causa de sua semelhança visual com o casco de um cavalo, o Fomes fomentarius se colhe na natureza para alimentar o fogo. Além disso, também tem se usado para criar alguns itens de vestuário, incluindo chapéus.
Mas ao analisar a estrutura interna de F. fomentarius mais profundamente, os cientistas vislumbraram as microestruturas que dão ao fungo sua consistência forte e leve. O que eles descobriram foi extremamente promissor.
Isso porque, ele se compõe por filamentos finos conhecidos como hifas, do micélio (corpo vegetativo) do fungo formando redes semelhantes a raízes que se espalham pelo solo ou por materiais em decomposição.
Na espécie, essa rede pode se dividir em três camadas distintas. Uma vez que, a rede de micélio é o componente primário em todas as camadas, mas cada uma exibe uma microestrutura muito distinta com orientação preferencial única.
Isto é, ao analisarem a composição do corpo de frutificação de F. fomentarius, por meio de amostras coletadas na Finlândia, que passaram por testes de resistência mecânica e varreduras.
As camadas
Os cientistas identificaram as três camadas. Sendo elas uma crosta externa dura e fina envolvendo uma parte espumosa por baixo e pilhas de estruturas tubulares ocas no núcleo.
Conforme o estudo, os tubos ocos, que compõem a maior parte dos corpos de frutificação, podem resistir a impactos maiores do que a camada espumosa. Assim como, sem sofrer grandes deslocamentos ou deformações.
Os cientistas afirmam que as partes do fungo eram tão fortes quanto madeira compensada. Bem como, pinho ou couro, mas, ainda assim, bem mais leves do que esses materiais.
Os corpos de frutificação ainda oferecem proteção contra insetos ou galhos caídos, e suportam os rigores da mudança das estações.
Esse tipo de resistência pode inspirar o desenvolvimento de novos materiais sintéticos.
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