Vigorada em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda não caminha com eficiência no Brasil. Ela esbarra em regulamentações e resistências. O que exibe como a logística reversa no país vive em processo lento de desenvolvimento.
Uma prova disso, é que apenas 4% dos resíduos sólidos gerados em solo brasileiro foram reciclados em 2022, como aponta o índice da Abrelpe.
Em contrapartida, parte das empresas tem avançado em iniciativas para reaproveitamento de produtos, materiais e embalagens pós-consumo na cadeia produtiva.
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Essa forma, é a principal medida que tem impulsionado a logística reversa no Brasil, já que o movimento nessa cadeia gera renda para catadores de materiais recicláveis, cooperativas e empresas.
A princípio, o que se estima é que até 2040, o setor de resíduos demande cerca de R$ 60 bilhões em investimentos para dar efetividade no processo de logística reversa.
Segundo Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe, o Brasil precisa avançar em questões de desenvolvimento do planejamento estratégico de gestão de resíduos.”Bem como, na modelagem adequada para execução desses. Além de serviços para destravar investimentos e trazer novas tecnologias”.
Práticas consolidadas no Brasil
Embora o processo ainda seja tímido no Brasil, alguns setores da economia, como os de alimentos e bebidas, cosméticos e eletroeletrônicos, entre outros, contam com práticas consolidadas na área.
Conforme Fernando Bernardes, diretor de operações da Central de Custódia, verificador independente de logística reversa de embalagens pós-consumo, 1 milhão de toneladas foram verificadas e custodiadas desde 2021.
Isto é, segundo ele, em média, o investimento em logística reversa no Brasil é de R$ 130 por tonelada.
O programa Natura Elos, criado em 2017 com o objetivo de aumentar a incorporação de material reciclado na produção das embalagens, conecta fornecedores e fabricantes a indústrias e cooperativas de reciclagem.
Com esse programa, a Natura recuperou 52,2 mil toneladas de material plástico pós-consumo até 2022.
A princípio, operando com 49 cooperativas de relacionamento e dois mil cooperados, o programa mobiliza cem empresas e instituições de 48 cidades em 11 Estados.
Para Fernanda Facchini, gerente de sustentabilidade da Natura, o objetivo é zerar o desperdício nas operações da marca. “Assim como, reduzir o uso de materiais, coletar mais resíduos do que geramos e contribuir com a estruturação das cadeias de reciclagem”.
Dessa forma, ela acredita ajudar também a estabelecer o pagamento por serviço ambiental às cooperativas de catadores.
Sobretudo, a empresa reutiliza 2,1 mil toneladas por ano de plástico nas embalagens de cosméticos.
Além da Natura, empresas como Unilever, Coca-Cola e Bridgestone, atuam em colaboração no avanço dessa reutilização de resíduos no Brasil.
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