Nova Indústria Brasil: Uma oportunidade para industrialização
O presidente da ABDI defende que o Brasil pode retomar o projeto de neoindustrialização no país, especialmente em relação à transição energética. Pois, o programa conta parcerias, movimentação dos empresários e objetivos amplos
Nova Indústria Brasil: Uma oportunidade para industrialização
O presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), Ricardo Cappelli, assegurou que a política industrial tornou-se uma preocupação na agenda de todos os principais países do mundo. Sua afirmação aconteceu durante o CB.Poder. Além disso, durante o programa fez analises das implicações da Nova Indústria Brasil.
A princípio, Cappelli examina a atuação da ABDI, que através do programa Nova Indústria Brasil, busca estabelecer segurança jurídica para investimentos no setor produtivo. Nesse sentido, ele pontua que a transição energética representa uma vasta oportunidade para a neoindustrialização do país.
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Afinal, segundo Cappelli: “Agora em Janeiro, o FMI (Fundo Monetário Internacional) fez uma publicação dizendo que, apenas em 2023 nós tivemos 2500 novas políticas industriais no mundo. Sendo que 48% dessas políticas foram lideradas por Estados Unidos, China e União Europeia, com 71% de impacto no comércio global. Então, voltou com tudo a política industrial no mundo e aqui no Brasil também. Digo isso porque às vezes as pessoas falam ‘olha, é a velha política industrial que está voltando’, não, é o que o mundo inteiro está fazendo”.
Em seguida, o presidente relata que a Agência recebeu cobranças por parte da imprensa acerca da elaboração indicadores de metas que conferissem os impactos das medidas da política de neoindustrialização. Assim, Cappelli afirma que isso já está sendo feito em parceria com o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio).
Ainda sobre isso, ele ressalta que a ABDI, em colaboração com o MDIC, sob direção do secretário Wallace, está construindo metas e indicadores, que em breve serão divulgados pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Com isso, o executivo destaca: “A gente tá ajudando a construir metas, indicadores de alguns nichos, mapeando cadeias produtivas para ver aonde o Brasil pode chegar em cada setor”.
Oportunidade na transição energética na indústria
Capelli, enxerga que, a transição energética surge como uma “janela de oportunidade” para a industrialização do Brasil. Isso porque o país possui a matriz energética mais limpa do mundo. Bem como conta um potencial para a exploração de energia fotovoltaica, isto é, solar, eólica e hidrelétrica.
No cenário da Nova Política Industrial, ele analisa: “Então a gente pode, não só gerar novos negócios a partir disso, como também pode atrair empresas para cá. A maioria das empresas, no mundo inteiro, estão pressionadas para reduzir as suas emissões (de carbono) e não há lugar melhor no mundo para elas terem uma planta com emissão zero do que no Brasil. Então, aqui, a gente tem uma grande janela de oportunidade”.
Incorporação do programa Nova Indústria Brasil
Ainda, para o presidente da ABDI, o balanço do primeiro trimestre, divulgado pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), mostra um movimento significativo dos empresários, ao implementar o programa Nova Indústria Brasil. Isso porque os empresários vêm fazendo mais consultas para tomar empréstimos, além de se mostrarem mais confiantes em relação ao Brasil.
Assim, ele comenta: “No primeiro trimestre, o BNDES fez um desembolso 22% maior que o desembolso do ano passado, do mesmo trimestre. O BNDES teve 68% a mais de consultas dos empresários, o que demonstra que eles estão incorporados ao projeto de país do governo, do Nova Indústria Brasil e fazendo consultas para tomar empréstimos no BNDES, acreditando no país, apostando no investimento.”
Além do que, o BNDES aprovou 91% mais de crédito de financiamento. Cappelli continua: “E, o Nova Indústria Brasil está colocando à disposição 300 bilhões de reais, a grande maioria disso à TLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), a juros de mercado; um pequeno pedaço para inovação, com TR (Taxa de Juros Referencial); e um pedaço para o Fundo Clima, também com juros diferenciados. É o Brasil colocando crédito e acompanhando esse movimento do mundo de transição energética.”
Parcerias benéficas para a indústria
Em relação à parceria público privada, Cappelli explica que o investimento em inovação também se mostra arriscado, porque os resultados oscilam entre positivos ou negativos.
Por isso, ele contou que hoje a ABDI está empenhada em tirar do papel a última atualização de 2018. Isto é, a Lei de Inovação, que objetiva usar o orçamento público e as compras públicas como um incentivo a inovação. Sendo assim, o objetivo da ABDI foca em equilibrar o binômio “risco-recompensa”, com o intuito de incentivar as empresas a realizar investimentos maiores em inovação.
Para exemplificar, Cappelli cita um contrato com a Petrobras, por meio do qual a ABDI irá auxiliar a petrolífera a construir a modelagem jurídica e técnica. Com o intuito de garantir a segurança para que a Petrobras dobre seus investimentos em inovação.
Além disso, Cappelli afirmou que a utilização de compras públicas como instrumento para inovação não é algo novo ou exclusivo do Brasil. Mas os EUA e o Canadá são os maiores expoentes dessa prática.
Os objetivos da parceria
Desse modo, ele explica: “O que a gente tá fazendo aqui e procurando construir são as melhores práticas internacionais, o que o mundo inteiro está fazendo. Os traumas do passado criaram um certo receio no gestor público, na defensiva e com receio de apostar. O nosso desafio é dar segurança ao gestor público, para que ele possa empreender também. No mundo inteiro, o Estado atua também como um empreendedor, e em sintonia com o setor privado. É falsa a ideia de que ‘ou é público ou é privado’. No mundo inteiro, público e privado andam juntos.”
Assim, Cappelli defende que o desenvolvimento do país requer uma parceria entre os setores público e privado. Pois segundo ele, o Estado se encarrega de assumir as fases de maior risco da pesquisa e desenvolvimento. Enquanto o setor privado age em estágio mais avançado, no aprimoramento de ideias com as quais é possível obter lucro.
Por fim, o presidente defende: ““Essa parceria do setor público com o setor privado é fundamental, porque tem fases do desenvolvimento da pesquisa que têm muito risco. E aí, quando tem muito risco, o setor privado não entra, não aposta. Nessas fases, quem assume esse risco é só o Estado, o setor privado só entra quando a coisa já está mais avançada, quando ele vê que ali tem um produto que ele pode lucrar, mas na fase da pesquisa e desenvolvimento mais básico ele não entra. Então, essa é uma relação complementar, público e privado têm que andar juntos para desenvolver o país”.
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