Iniciativa do setor plástico debate as perspectivas do produto em diversos segmentos e lança programas socioambientais
O 2º Congresso Brasileiro do Plástico reuniu no RS empresários, estudantes e especialistas de diversas áreas para discutir sobre a importância do material para o bem estar das pessoas
Profissionais de diversos segmentos se reuniram, nos dias 5 e 6 de outubro, em Porto Alegre, para trocar conhecimentos e apresentar projetos que tinham algo em comum: o plástico. O material foi o tema central das apresentações de especialistas de diversas áreas, como construção civil, medicina, tecnologia, comércio exterior, entre outros. O 2º Congresso Brasileiro do Plástico reuniu ainda, representantes de entidades do setor e do poder público, empresários e estudantes, todos com o intuito de debater as qualidades e a importância do plástico para o bem estar social, econômico e ambiental.
A abertura da 2ª edição do Congresso Brasileiro do Plástico aconteceu na noite de quinta-feira (5), na Casa Vetro, importante espaço de eventos da capital gaúcha. A cerimônia reuniu em um jantar autoridades, empresários e profissionais de diversos setores, que foram surpreendidos com um desfile inusitado logo no início da festa. Em uma passarela montada no meio do salão, modelos desfilaram peças que continham plástico em sua composição e que foram criadas por estudantes de moda da Feevale. Um drone, comandado pelo palestrante do Congresso Charles Stempniak, acompanhou toda a ação fazendo imagens aéreas da apresentação.
Alfredo Schmitt, presidente do 2º Congresso Brasileiro do Plástico, fez o primeiro discurso da noite e falou de como a cadeia produtiva do plástico é importante para o bem-estar das pessoas. “Trabalhamos para facilitar o dia-a-dia, evitando desperdícios, melhorando a qualidade de vida, e esse Congresso tem o objetivo de aproximar o setor plástico e a sociedade, mostrando como participamos em todas as atividades diárias dessas pessoas”, disse o executivo. José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Plástica (ABIPLAST) e do Sindiplast, Edilson Luiz Deitos, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast), e Marcos Troyjo, doutor em Sociologia das Relações Internacionais da USP/SP, também discursaram na abertura do evento.
A cerimônia de abertura contou ainda com a presença do secretário estadual de Agricultura, Ernani Polo, que representou o governador José Ivo Sartori. Polo falou sobre a relevância do setor plástico e disse que o governo tem tanto interesse quanto os empresários de impulsionar essa cadeia produtiva. O secretário também discorreu sobre o setor de agronegócios. “A agricultura tem uma importância social e econômica muito forte para o Rio Grande do Sul, por isso estamos investindo cada vez mais para ser competitivos, e o plástico nos dá essa possibilidade”, disse o executivo.
A noite teve ainda o lançamento do projeto Tampinha Legal, programa socioambiental que visa dar destinação correta ao material plástico pós-consumo, beneficiando instituições sociais. Em alusão ao movimento Outubro Rosa, o Instituto da Mama do RS (IMAMA) foi escolhido para ser a primeira entidade social a ser beneficiada pelo projeto, que tem como objetivo dar um novo destino a tampas de plástico em geral por meio da coleta do material na sociedade e comercialização do produto a indústrias recicladoras do Estado. O projeto Tampinha Legal é uma iniciativa do Sinplast, Simplás e Simplavi com apoio da Plastivida.
Palestras
Organizado por três importantes sindicatos do setor do plástico – Sindicato das Indústrias de Materiais Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Vale dos Vinhedos (Simplavi) e Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Rio Grande do Sul (Sinplast), o 2º Congresso Brasileiro do Plástico foi realizado no Teatro da PUCRS e recebeu centenas de pessoas interessadas em debater e conhecer inovações que envolvem o plástico. Especialistas de diversos segmentos palestraram sobre o importância do material para a evolução de suas áreas.
Nesta edição, o Congresso contou com duas participações internacionais. O italiano Lorenzo Tavazzi, diretor da Prática de Cenários e Inteligência da EuropeanHouse – Ambrosetti, apresentou um panorama da indústria de plásticos da Itália e Europa. Tavazzi foi responsável por estudos da retomada do setor na Europa e comentou sua experiência durante a palestra. Vindo da Alemanha, Guido Aufdemkamp, diretor executivo da FlexiblePackaging – FPE (Embalagens Flexíveis da Europa), apresentou um painel sobre embalagens flexíveis com ênfase na redução do desperdício de alimentos e resíduos de embalagens. Formado em economia, Aufdemkamp tem como atividade principal representar a indústria de embalagens flexíveis europeia a nível europeu e no cenário internacional. A FPE lida com uma ampla gama de questões relevantes para a indústria de embalagens flexíveis, mais notavelmente o contato com alimentos, sustentabilidade e questões ambientais.
Maria Elizete Kunkel, professora adjunta de Engenharia Biomédica, subárea Biomecânica, participou pela segunda vez do Congresso do Plástico e nesta ocasião pode mostrar a concretização de projetos que ela apresentou na edição anterior do evento. A professora falou da importância do plástico na medicina e destacou a evolução das órteses e próteses feitas em impressora 3D. Além da palestra, a professora apresentou, em um estande montado na área externa do teatro, os projetos que coordena. O Mão 3D, criado pela por ela, desenvolve próteses de mão para crianças que perderam ou nasceram sem o membro.
Já C.R.I.A (Cadeira de Rodas Infantil Automatizada), projeto criado por Filipe Loyola, engenheiro biomédico, com coordenação da professora, é uma cadeira confeccionada com canos de PVC e outras peças de baixo custo, como correntes de bicicleta e motor comandado por joystick de vídeo-game. Além de lançar a C.R.I.A. durante o 2º Congresso Brasileiro do Plástico, Maria Elizete Kunkel e Filipe Loyola doaram esse primeiro equipamento para uma entidade assistencial de Porto Alegre. O Educandário São João Batista foi o escolhido para receber a doação, que foi entregue ao pequeno Murilo Henrique Dias Pinto, de 4 anos. O menino nasceu como uma má formação na coluna e não pode andar.
O tema plástico na construção civil foi apresentado pelo engenheiro civil Joaquim Caracas. Fundador e CEO da Impacto Protensão, Caracas falou sobre seus projetos que usam plástico reciclado, como o de montagem de lajes prediais que geram grande economia em obras, e o container sustentável, um sistema de placas modulares encaixáveis que já foi possibilitou a construção de alojamentos, casas, banheiros públicos para comunidades carentes e até um hotel de alto padrão. O engenheiro também comentou sobre os projetos sociais e parcerias com instituições de ensino do Ceará dos quais faz parte incentivando jovens a se dedicarem aos estudos e às pesquisas no setor de plásticos e construção civil.
Éverton Simões Van Dal, engenheiro de Tecnologia da Braskem falou sobre a indústria do plástico do futuro. Atualmente trabalhando com avaliação de novas tecnologias renováveis e também é responsável por iniciativas em impressão 3D, o executivo deu um panorama do setor plástico e falou de como a Internet das Coisas (IoT) e Biotecnologia estarão cada vez mais próximas da indústria no futuro. A inovação e a tecnologia também foram destaque na palestra de Charles Stempniak, CEO da Smart Matrix. O doutorando em Engenharia falou sobre drones, visão computacional e inteligência artificial, destacando o uso dessas tecnologias a serviço da saúde e da segurança. Stempniak tem experiência em diversas áreas que envolvem tecnologia de hardware, incluindo design de produtos que demandam injeção de moldes para componentes de plástico e fibra de carbono. Durante o congresso o executivo fez demonstrações com drones hexacópteros e um óculos de realidade virtual usado em simulações de voos.
Um painel voltado para a exportação também fez parte da programação do Congresso. Com mediação de Cristina Sacramento, especialista em Desenvolvimento de Mercado da Think Plastic Brazil, José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Plástica (ABIPLAST) e do Sindiplast, Emanuel Figueira, diretor de Projetos da Apex-Brasil, Marcos Troyjo, doutor em Sociologia das Relações Internacionais da USP/SP, e Douglas Lima, gerente de comércio exterior da C-Pack Creative Packaging, debateram sobre a exportação como alternativa para o crescimento econômico e as práticas de exportação direta, bem como a solidária.
Meio ambiente
A preocupação com o meio ambiente também teve espaço no 2° Congresso Brasileiro do Plástico. Do entendimento à solução, o tema poluição nos mares foi apresentado pelo Prof. Dr. Alexander Turra. Livre docente no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Turra apresentou o trabalho que faz em parceria com a Plastivida há quatro anos, que consiste em diversos estudos científicos que foram realizados pelo IO/USP com o objetivo de mapear e obter informações técnicas sobre este assunto no Brasil.
Na companhia de Turra, Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, fez o lançamento do “Fórum Setorial dos Plásticos Online – Por Um Mar Limpo”, plataforma para ampliar os debates sobre os caminhos e as alternativas de mitigação para o problema dos resíduos nos oceanos. Em 2012, após a Plastivida se tornar signatária da “Declaração Global da Indústria dos Plásticos”, movimento mundial do setor pela preservação do ambiente marinho, a entidade firmou um convênio com o Instituto Oceanográfico da USP (IO/USP) para a realização de um projeto técnico-científico sobre o tema.
Ao longo dos anos, diversos estudos científicos foram realizados pelo IO/USP com o objetivo de mapear e obter informações técnicas sobre este assunto no Brasil. Foram realizados monitoramentos e diagnósticos dos resíduos em praias brasileiras (SP, BA e AL), a análise da perda de pellets na cadeia produtiva dos plásticos, que resultou em um Manual de Orientações “Pellets Zero”, que é uma iniciativa da cadeia produtiva dos plásticos global. Também foi realizado um diagnóstico sobre a poluição da Baía de Guanabara, além de projetos de educação ambiental sobre o tema.
A partir daí, foi lançado em junho último o Fórum Setorial dos Plásticos, que resultou na “Declaração de Intenções”, documento que estabelece os compromissos da cadeia produtiva dos plásticos no Brasil sobre o tema. Até o momento, a declaração já foi assinada por 16 instituições: Além da própria Plastivida, Abief, Abiplast, Abiquim, Abrade, Adirplast, Braskem, Dow, Instituto do PVC, Simperj, Simpesc, Simplás, Simplavi, Sindiplast, Sinplast, Sinproquim. A participação é aberta a outras entidades, associações, indústrias e players do setor, para que este movimento ganhe cada vez mais representatividade e efetividade em seus propósitos.
A plataforma online é um aglutinador de todas essas informações reunidas desde 2012, além das propostas de educação ambiental, prevenção, coleta e reciclagem, e passa a ser uma ferramenta dessa mobilização setorial.