CNI explica aumento da projeção do PIB em 2024 e fatores contribuintes
Após revisão da CNI, PIB tem previsão de aumento ainda este ano. Esta previsão foi ajustada em 1 ponto percentual devido ao desempenho econômico positivo no primeiro semestre de 2024 e à expectativa de que fatores favoráveis continuarão a impulsionar a economia
CNI explica aumento da projeção do PIB em 2024 e fatores contribuintes
O Brasil deverá registrar um crescimento de 3,4% no PIB (Produto Interno Bruto) em 2024. Conforme aponta o Informe Conjuntural do 3º Trimestre, publicado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). A projeção foi revisada, aumentando 1 ponto percentual em relação à previsão anterior.
Em uma explicação, Mário Sérgio Telles, superintendente de Economia da CNI, discute os motivos que levaram a uma revisão expressiva na previsão de crescimento do PIB para este ano: “A CNI aumentou a previsão do PIB de 2024, principalmente, por causa do desempenho da economia no primeiro semestre, que foi muito positivo, acima das nossas expectativas. Além disso, os fatores que têm contribuído para o crescimento não devem desaparecer até o fim do ano e o segundo semestre vai ter como base de comparação o período mais fraco da atividade em 2023.”
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Sendo assim, as razões para o desempenho econômico, especialmente no que diz respeito à demanda e aos investimentos, incluem o aumento do consumo das famílias, resultado de um mercado de trabalho forte; a elevação da massa salarial e a ampliação da oferta de crédito; além dos gastos públicos.
Embora a Confederação tenha um projeto de intensidade menor, acredita que esses fatores continuarão a contribuir para a atividade na segunda metade de 2024.
Desempenho do PIB nos últimos anos
Em relação à atividade econômica, o PIB (Produto Interno Bruto) apresentou uma variação positiva nos últimos anos. Em 2021, o crescimento foi de 4,0%, diminuindo para 3,0% em 2022, e em 2023 chegou a 2,9%. Porém, em 2024 há um aumento estimado para 3,4%. O PIB Industrial seguiu uma tendência semelhante, passando de 5,0% em 2021 para 1,5% em 2022. E em 2023 indo para 1,6% em 2023 e com previsão de 3,2% em 2024.
Enquanto isso, a indústria da transformação teve um desempenho mais volátil, com um crescimento de 3,8% em 2021, seguido de uma queda de -0,5% em 2022 e de -1,3% em 2023.
No entanto, espera-se uma recuperação de 2,8% em 2024.
Já a indústria extrativa, após uma retração de -1,4% em 2022, cresceu 8,7% em 2023, com uma previsão de 3,1% para 2024. A indústria da construção também apresentou variações. Após um expressivo crescimento de 12,6% em 2021, desacelerou para 6,8% em 2022, com uma queda de -0,5% em 2023 e uma recuperação de 3,7% em 2024.
Os serviços industriais de utilidade pública, por sua vez, obtiveram um salto de 10,5% em 2022, após um modesto crescimento de 1,5% em 2021. No ano passado, chegou a 6,5%, mas espera-se uma queda para 3,0% este ano.
O consumo das famílias, que aumentou 3,0% em 2021 e 4,1% em 2022, manteve um crescimento de 3,1% em 2023, com uma expectativa de 4,4% para 2024. Já a formação bruta de capital fixo teve uma queda de -3,0% em 2023, mas espera-se que cresça 5,0% em 2024, após variações de 12,9% em 2021 e 1,1% em 2022.
Comportamento e perspectivas da inflação e taxa de juros
No mercado de trabalho, a massa de rendimento real registrou uma queda de -2,4% em 2021, mas se recuperou com um crescimento de 6,9% em 2022, mantendo-se estável em 2023 e projetada para crescer 7,4% em 2024. A taxa de desemprego, que era de 13,2% em 2021, caiu para 9,3% em 2022, caiu para 8,0% em 2023 e tem previsão de 6,9% em 2024.
Por fim, a inflação medida pelo IPCA foi de 10,1% em 2021, mas desacelerou para 5,8% em 2022. Para 2023, a inflação atingiu 4,6%, com uma leve redução esperada para 4,3% em 2024.
Em relação à taxa de juros, a média anual variou de 4,5% em 2021 para 12,5% em 2022, chegando a 13,3% em 2023 e uma queda para 10,9% prevista para este ano 2024.
No fim de cada ano, a taxa nominal foi de 9,25% em 2021, subiu para 13,75% em 2022 e caiu para 11,75% em 2023. A previsão deste ano é de 11,25% em 2024.
Contas públicas, taxa de câmbio e setor externo
Nas contas públicas, o resultado primário do setor público consolidado, em bilhões de reais, apresentou déficits consecutivos: -64,7 bilhões em 2021 (-0,7% do PIB), -125,9 bilhões em 2022 (-1,2% do PIB), e as previsões indicam déficits de -249,1 bilhões em 2023 (-2,3% do PIB) e -39,8 bilhões em 2024 (-0,3% do PIB).
O resultado nominal do setor público consolidado também indicou déficits significativos, com -383,7 bilhões em 2021 (-4,3% do PIB), -460,4 bilhões em 2022 (-4,6% do PIB), -967,4 bilhões em 2023 (-8,9% do PIB), e uma redução projetada para -842,3 bilhões em 2024 (-7,4% do PIB).
A dívida pública bruta representou 77,3% do PIB em 2021, caindo para 71,7% em 2022, para 74,4% em 2023 e 78,7% em 2024.
A taxa de câmbio nominal média, expressa em reais por dólar, foi de R$ 5,40 em 2021, caindo para R$ 5,17 em 2022, R$ 5,00 em 2023 e perspectiva de R$ 5,30 em 2024.
No setor externo, as exportações passaram de US$ 280,8 bilhões em 2021 para US$ 334,1 bilhões em 2022, com previsões de US$ 339,7 bilhões em 2023 e US$ 343,6 bilhões em 2024. As importações também cresceram, de US$ 219,4 bilhões em 2021 para US$ 272,6 bilhões em 2022, US$ 240,8 bilhões em 2023 e US$ 266,0 bilhões em 2024. O saldo comercial, que foi de US$ 61,4 bilhões em 2021, aumentou para US$ 61,5 bilhões em 2022, US$ 98,9 bilhões em 2023 e com uma estimativa de US$ 77,6 bilhões em 2024.
Atividade na conta corrente e investimentos
O saldo em conta corrente apresentou déficits consecutivos nos últimos anos. Em 2021, o déficit foi de -46,4 bilhões, aumentando para -48,3 bilhões em 2022. Em 2023, aconteceu uma redução no déficit, com o valor projetado em -30,8 bilhões, e em 2024, espera-se uma leve piora, com o saldo em conta corrente projetado para -33,8 bilhões.
Por outro lado, o investimento direto no país teve um comportamento positivo, mostrando crescimento significativo. Em 2021, o valor foi de 46,4 bilhões, saltando para 74,6 bilhões em 2022. Em 2023, 64,2 bilhões. Assim, a tendência de crescimento deve ser retomada em 2024, com uma projeção de 72,0 bilhões.
Essas duas métricas ilustram um cenário de equilíbrio entre os déficits correntes e o aumento do investimento direto. O que pode indicar um interesse crescente no país por investidores estrangeiros, compensando parcialmente o impacto dos déficits em conta corrente.
Crescimento no emprego e rendimento dos trabalhadores
A taxa de desemprego, que atualmente se encontra em 6,9% segundo o IBGE, deve manter-se nesse nível até o fim do ano, de acordo com o Informe. Enquanto isso, a massa de rendimentos dos trabalhadores deve crescer 7,4%.
A CNI revisou sua estimativa de crescimento do PIB da indústria, passando de 2,3% para 3,2%. O Informe indica que a indústria de transformação deve ter um crescimento de 2,8% em 2024, superando a queda de 1,3% registrada no ano passado. Essa recuperação é impulsionada, em grande parte, pela crescente demanda por bens industriais.
De acordo com as projeções, a indústria da construção deve crescer 3,7%, ficando acima do crescimento do PIB. A CNI atribui essa perspectiva otimista ao aumento da demanda e aos lançamentos do Programa Minha Casa, Minha Vida.
Enquanto isso, a indústria extrativa deve registrar um crescimento de 3,1%. Já o segmento que abrange eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos deve apresentar um aumento de 3%.
Assim como no primeiro semestre, o setor de serviços tende a manter uma forte atividade no segundo semestre. De acordo com a CNI, o crescimento esperado para 2024 é de 3,5%. Dessa forma, torna-se o mais expressivo entre os setores econômicos.
Sendo assim, a CNI prevê uma redução de 3% no PIB da Agropecuária em 2024 em relação ao ano anterior. Apesar do crescimento significativo da produção animal no primeiro semestre de 2024, essa alta não mostra-se suficiente para contrabalançar a queda na produção vegetal, que foi impactada por adversidades climáticas associadas ao fenômeno El Niño, especialmente após um desempenho muito positivo em 2023.
Aumento da Selic e seus efeitos no crédito e investimentos em 2025
Perante as estimativas da CNI, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central realizará mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros. Com a Selic atualmente em 10,75% ao ano, a taxa básica de juros deve atingir 11,25% ao final do ano.
Tendo isso em vista, Mário Sérgio Telles avalia que os impactos do aumento da Selic devem ser sentidos de maneira efetiva a partir do próximo ano.
Assim, ele analisa: “O crédito é um fator muito importante de crescimento esse ano. Infelizmente, teve início um novo ciclo de aumento da Selic, mas como esse aumento começou recentemente, não deve ser sentido totalmente em 2024. A elevação da Selic deve impactar negativamente o crédito, o consumo e o crescimento econômico em 2025. É o ponto de maior preocupação da CNI com relação ao cenário econômico”
Mesmo diante de uma política monetária mais restritiva, a CNI antecipa um crescimento de 7,3% nas concessões totais de crédito neste ano. Os investimentos, por sua vez, devem crescer 5%, de acordo com a previsão da entidade.
Assim, ele projeta: “É um sinal de que a capacidade de produção da economia brasileira está aumentando e isso pode sustentar um ritmo de crescimento em torno de 3% nos próximos anos”.
Análise da CNI dos gastos públicos e suas implicações para a economia brasileira
Para a CNI, a expansão dos gastos públicos deverá seguir no segundo trimestre, mas a um ritmo mais desacelerado do que o observado nos primeiros meses do ano.
Essa dinâmica, por um lado, reduzirá a contribuição para o crescimento da demanda, mas, por outro lado, proporcionará perspectivas mais favoráveis para o ajuste das contas públicas e diminuirá a pressão inflacionária.
A entidade estima que o governo federal enfrentará um déficit primário de R$ 51,1 bilhões, o que representa 0,44% do PIB.
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