Walter Wang: o investimento que transformou uma indústria de tubos plásticos
Em um anúncio recente, o presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden apresentou uma nova regulamentação da EPA (Agência de Proteção Ambiental) que exigirá a troca de quase todos os canos de chumbo nos Estados Unidos dentro de uma década, como parte de um esforço para melhorar a qualidade da água potável. A JM Eagle, com sede em Los Angeles, pode se destacar nesse cenário, pois é uma das principais fabricantes de canos plásticos do mundo. Walter Wang, de 59 anos, CEO e proprietário da JM Eagle, foi incluído este ano na lista Forbes 400 dos americanos mais ricos, ocupando a 374ª posição, com um patrimônio líquido estimado em US$ 3,6 bilhões (R$ 20,48 bilhões).
Sua fortuna, principalmente proveniente de sua participação na JM Eagle, tem uma receita de aproximadamente US$ 2,3 bilhões (R$ 13,09 bilhões) e emprega 2 mil pessoas em três países.
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A Forbes estima conservadoramente que o valor de mercado da companhia seja em torno de US$ 2,8 bilhões (R$ 15,93 bilhões). Além disso, Wang possui uma participação majoritária na PTM, uma fabricante de canos plásticos localizada no México.
Os produtos da JM Eagle desempenham um papel fundamental no transporte de água, gás e eletricidade por várias regiões e cidades. Isso porque são empregados em lugares como o Parque Nacional Joshua Tree, na Califórnia; Disneyland; a reserva indígena Fort Peck, no nordeste de Montana. Bem como na gigafábrica da Tesla em Austin, Texas; e o Parque Nacional do Grand Canyon.
O começo da trajetória
Após concluir seus estudos na UC Berkeley, Wang começou sua jornada profissional como operador de máquinas em uma das fábricas de seu pai. Em uma recente conversa com a Forbes, ele recebeu a equipe em seu apartamento em Manhattan e comentou que se dedica de três a quatro horas por dia a cotações para clientes.
Assim, evidenciando seu empenho em entender o mercado mais do que qualquer outra pessoa. “Como proprietário, você precisa colocar a mão na massa”, ressaltou ele.
Embora a empresa tenha um tamanho considerável, Wang ainda a classifica como um negócio familiar, mas não como um legado.
Filho do bilionário taiwanês Wang Yung-ching, conhecido como Y.C. Wang, e para comprar a JM Eagle de seu pai em 2005, Walter pegou emprestados US$ 300 milhões (R$ 1,7 bilhões) de bancos e US$ 30 milhões (R$ 170 milhões) de Y.C. Desde então, ele conseguiu aumentar o valor da empresa em mais de sete vezes.
A jornada de Wang e o legado da formosa plastics
Aos nove anos, Wang se transferiu de Taiwan para Berkeley, Califórnia, acompanhando sua mãe. Sua irmã mais velha, Cher Wang, fundou a gigante de smartphones HTC Corporation e já foi a pessoa mais rica de Taiwan.
Na época da mudança, Cher estava na Universidade da Califórnia. A família morava em uma casa comprada por US$ 50.000 (R$ 284 mil), com as economias da mãe e o dinheiro reservado para o dote das irmãs. Aém de receber uma mesada de US$ 800 (R$ 4.552) que seu pai bilionário enviava.
Desde cedo, Walter almejou assumir a Formosa Plastics, a empresa que pertence ao seu pai e hoje avaliada em quase US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões). Y.C. O fundador, veio de uma família de produtores de chá e teve apenas uma educação primária, mas conseguiu transformar a Formosa em uma das maiores petroquímicas da Ásia.
Nesse sentido, Walter compartilhou seu sentimento de responsabilidade ao trilhar o mesmo caminho que seu pai: “Escolhi trabalhar para ele porque sou filho. Tenho essa obrigação. Você sabe como é na cultura asiática – ele meio que esperava que eu fosse para a empresa”.
No entanto, Y.C. faleceu em 2008, aos 91 anos, sem deixar qualquer testamento. Walter, por outro lado, se preparou para evitar que isso aconteça com seus filhos. Nos últimos cinco anos, ele começou a levá-los às fábricas e a discutir uma constituição familiar e questões de herança, quebrando a tradição asiática de não falar sobre sucessão.
Desafios e nova vida
Após a aquisição da JM Eagle, Wang recebeu o diagnóstico de câncer nasofaríngeo em estágio 4, apenas quatro dias depois de assinar o contrato em 2005. Com uma previsão de vida de um ano, ele iniciou tratamentos intensivos em Hong Kong.
Diante disso, e desesperados, ele e sua esposa, Shirley, também buscaram práticas alternativas, como orações e glossolalia (falar em línguas). Em relação a este cenário, ele comenta: “Quando você encara a morte, tenta quase qualquer coisa”.
Já recuperado, Wang voltou aos EUA em 2006, pronto para retomar o comando da empresa. No entanto, ele logo enfrentou problemas legais, já que a JM Eagle foi processada em 2006, com acusações de falsificação da qualidade dos canos.
Além disso, o caso se arrastou por 14 anos, abrangendo 42 cidades e distritos de água. Apesar de um júri federal ter declarado a empresa culpada em 2013, a decisão foi revertida em 2020 por falta de evidências concretas de defeitos.
Outro processo emergiu em agosto deste ano, trazendo acusações de cartelização de preços durante o período da pandemia.
Sendo assim, Wang declarou por e-mail:“O privilégio de litígio permite que qualquer pessoa faça acusações sem risco de difamação, independentemente da veracidade”,. A Westlake, outra fabricante envolvida, não comentou o caso, e a OPIS, publicação mencionada no processo, não respondeu aos pedidos de comentário da Forbes.
Wang destaca perspectivas
Mesmo enfrentando desafios, Wang e Shirley permanecem otimistas sobre o cenário de negócios nos EUA. Assim, Shirley, cofundadora e CEO da Plastpro, afirma: “Se você quer começar algo, pode começar do zero aqui”.
Em 2016, Wang ofereceu gratuitamente tubos de PVC para substituir os canos de chumbo de Flint, Michigan, durante a crise hídrica. Porém, a cidade optou por canos de cobre, que custaram mais de US$ 140 milhões (R$ 796 milhões).
Em comparação, a cidade vizinha, Burton, conseguiu economizar US$ 2,2 milhões (R$ 12,52 milhões) ao utilizar os tubos da JM Eagle. A então prefeita Karen Weaver expressou dúvidas sobre a resistência dos canos plásticos em climas adversos.
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