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Prótese para crianças é feita através de embalagens de shampoo

O cabeleireiro australiano Bernie Craven teve a ideia de reutilizar materiais que seriam descartados em salões de beleza

Criador da empresa Waste Free Systems, o cabelereiro Bernie Craven criou um projeto para fabricar próteses para crianças usando utensílios plásticos descartados pelos cabeleireiros. Duas crianças que nasceram sem a mão esquerda, Connor Wyvill (11 anos) e Haley Wright (12 anos), foram as primeiras a experimentar as próteses da empresa Waste Free Systems de Craven.

As crianças estão usando as mãos biônicas há mais de dez semanas e o resultado tem sido positivo, segundo o empresário. As crianças adoram esporte e ganharam também outra prótese á parte só para andarem de bicicleta.

Craven conta “o teste das próteses com os meninos é um primeiro passo para que os aparelhos comecem a ser comercializados. Ambos sentiram que elas eram um pouco longas e queriam ter mais controle nos dedos, por isso fizemos alterações e em breve devem receber uma nova versão”.

A empresa pretende continuar trabalhando com as crianças conforme elas crescem e a ideia é que as próteses provisórias se tornem mãos robóticas definitivas. A empresa fez parceria com a ONG E-Nable que produz próteses em 3D para crianças ao redor do mundo. Além de uma vaquinha online para ajudar e até agora foram arrecadados cerca de 10 mil dólares australianos, aproximadamente R$28 mil.

Para desenvolver as primeiras próteses, o plástico coletado nos salões de beleza é destinado a um armazém onde é selecionado e os passos seguintes são lavar, secar e cortar os plásticos.  Em seguida um desumidificador resseca o material, que é colocado, na sequência, em uma máquina de extrusão. O aparelho força o plástico para que ele saia em forma de filamento e esse fio, por sua vez, é usado para imprimir a mão em 3D.

O primeiro protótipo criado demorou cerca de nove horas para ser impresso e precisou de 42 metros de plástico. O projeto ainda ganhou uma bolsa de pesquisa na Universidade de Tecnologia de Sydney. Um engenheiro da universidade e estudantes de outras instituições australianas, como a Universidade de Queensland e a Universidade de Sunshine Coast, estão ajudando na parte técnica do trabalho.

A empresa Waste Free Systems oferece para salões na Austrália caixotes para que cada empresa separe seus materiais recicláveis, impedindo que até 90% do material seja descartado incorretamente.

O foco é recolher especialmente o plástico, mas também são reciclados outros materiais, como papelão, vidro, ferramentas eletrônicas, produtos químicos e cabelo que podem ser usados para produzir fertilizantes usados em jardins comunitários locais.

Craven afirmou que “o plano de negócio é reduzir o lixo levado aos aterros, e desse modo, reverter o impacto no meio ambiente, educando empresários para que eles reorganizem seus desperdícios de uma maneira melhor”.

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