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[Plástico Pós-Pandemia] Normalidade está atrelada a retomada econômica em 2021

Gelson de Oliveira, presidente do Simplás fala sobre como sua região enfrenta fechamentos, manejo de pessoal e quais os passos para a nova realidade

Dando continuidade ao projeto Plástico Pós-pandemia, conversamos com Gelson de Oliveira, presidente da Natiplast Tecnologia e Comércio de Plásticos Ltda, e do Simplás (Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho) para entender como Caxias do Sul, um dos maiores polos industriais do mercado plástico no Brasil, responsável por 11 mil empregos diretos, tem lidado com a pandemia e os decretos do governo estadual, que já chegaram a reduzir a capacidade para 25% e atualmente atuam com 50%.

Para o próximo ano, o presidente prevê retomada do mercado com foco em restabelecer as indústrias como eram antes da pandemia. “A nossa visão é que para 2021 tenhamos bastante trabalho para, no mínimo, retornar com o que perdemos nesse ano”, contou.

Confira a entrevista completa:

Plástico Virtual –   Como o setor se adaptou à nova realidade? Especialmente no viés econômico. Houve retração considerável? Como lidam com os números?

Gelson de Oliveira – Quando houve o lockdown total, em março, as empresas fecharam, por 15 dias. Depois abriram com 25% da capacidade, 50%, 85%, e agora voltamos para 50% da capacidade, segundo os critérios do governador estadual, o que nós não concordamos. A cidade tem apenas 62% da capacidade das UTIS da cidade utilizadas.

As empresas se adaptaram cada uma de uma maneira, algumas deram férias, outras demitiram alguns, os aposentados foram para casa. Na parte econômica, quem não tinha uma taxa, um valor sobrando, ficou devendo, não teve outro jeito. A orientação era primeiro os funcionários, os colaboradores para pagar, segundo os fornecedores.

Agora, o mercado está retomando com muita força, as empresas que trabalham para a área da agricultura voltaram com muita força, para alguns o mercado está bom, para outros, está ruim, e não reativou ainda. As empresas cujos produtos não são considerados essenciais estão sofrendo ainda.

PV – Em relação a vagas de trabalho, como estão lidando com as perdas? Existe alguma iniciativa governamental para ajudar nesse quesito?

GO – Houve uma retração muito grande inicialmente, agora algumas empresas já estão com um bom volume de trabalho, com 50%, 60%. Outras, ainda estão com 15% do trabalho.

Estamos lidando com isso pela medida provisória 936/20, dando férias, buscando não demitir. A orientação do sindicato é não demitir ninguém.

Para quem trabalha para a linha automobilística, algumas linhas ainda seguem paradas, e é cruel, porque vemos o patrimônio de algumas empresas se diluindo, alguns cargos sociais.

PV – O que espera do próximo ano?

GO – Não queremos aguardar o próximo ano, já que a nossa expectativa é que isso acabe em 3 meses. Sabemos que é uma posição bem otimista que as demandas reprimidas voltem com força, para que ano que vem recupere pelo menos o que perdemos em 2020. Essa é uma expectativa de toda a nossa diretoria.

Se a questão do comércio local [reabertura gradual], que é bem forte na nossa região, for implementado, acho que vamos ter bastante trabalho.

A nossa visão é que para 2021 tenhamos bastante trabalho para, no mínimo, retornar com o que perdemos nesse ano.

A perda depende muito para qual setor vamos nos referir, para quem trabalha nas atividades essenciais, praticamente não teve perde, manteve no número, já quem trabalha para brinquedos, teve perda significativa de 30% até 50%.

PV – Como lidam com a nova realidade? Existe alguma ação que queira destacar?

GO – Nós do Simplás temos duas ações: além da não cobrança da mensalidade dos associados por 2 meses, e à medida que o pandemia vai seguindo, teremos que repensar por mais tempo, nós contratamos um técnico na área do plástico, para dar assessoria a todas as empresas que desejarem, e ele já está atuando para ajudar as empresas a se manter no quesito linha de produção e ramo de atuação.

Além disso, em nossas reuniões quinzenais, orientamos nossos associados para proteção do trabalhador, com protocolos novos e ações de contenção do vírus nas fábricas.

O Simplás está trabalhando para que os associados voltem a normalidade, e que essa situação seja um divisor de águas, principalmente nos cuidados da saúde e na proteção das pessoas.

PV – Existe algum dado de recuperação econômica ou ao menos projeção?

GO – A nossa visão é que para 2021 tenhamos bastante trabalho, para que no mínimo possamos suprir as perdas de 2020, para que possamos ter uma nova projeção de mercado.

PV – A oscilação do dólar afeta a produção local? De que forma?

GO – A oscilação do dólar tira a expectativa do mercado, porque se alguém vai investir, agora não vai mais investir. Isso só é boa para quem exporta, ou seja, para a agricultura, esse pessoal está muito bem.

Para nós, seria importante que o dólar pudesse se estabilizar por volta de R$4,50, e que se mantivesse, porque a oscilação traz prejuízos no mercado, especialmente quando compramos alguns insumos no preço do dólar, não tem como fazer orçamento certo e ter uma projeção.

Para quem importa é ruim, porque alguns componentes continuam sendo importados e são necessários, mas isso também, por um outro lado, faz com que as pessoas comecem a produzir localmente, pois dá um incentivo para as pessoas produzirem seus componentes internamente.

O Brasil tem a capacidade de produzir tudo internamente, se não for produtos tecnológicos.

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