Uma das possíveis medidas do novo governo brasileiro tem gerado desânimo no setor industrial do país. Isso porque, representantes da indústria começaram a manifestar incômodo diante da possibilidade de revogação do corte de 35% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) adotado pela gestão de Paulo Guedes.
Caso se concretize, o setor já encara essa medida como uma derrota. “Seria um retrocesso o governo revogar a portaria que reduziu o IPI depois de um grande debate sobre o assunto, onde se buscou uma convergência para a decisão tomada, incluindo a Zona Franca de Manaus”, Afirma Ricardo Roriz, presidente da ABIPLAST.
Além disso, ele destaca que pode ter um grande impacto inflacionado em mais de 4.500 produtos industriais. “Isso vai contra o que o ministro Alckmin deixou bem claro em seu discurso de posse, que é a necessidade urgente de reindustrializar o Brasil”.
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José Veloso, presidente da Abimaq (Associação dos Fabricantes de Máquinas), defende que, antes, seja feita a reforma administrativa para reduzir o tamanho do estado com corte nas despesas.
De acordo com ele, a carga tributária é muito maior em bens do que serviços, e isso prejudica o pobre, que consome menos serviços. “O IPI prejudica quem tem menos renda, encarecendo os produtos, ou seja, o pobre paga mais que o rico”, explica.
Nesse sentido, Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira de Indústria Elétrica Eletrônica), aponta que: “Será uma pena se a redução do IPI for revogada. Ou o Brasil altera sua ultrapassada forma de tributação ou veremos muito rapidamente o fim do setor industrial no país”.
A volta do IPI na visão exterior
Synésio Batista, da Abrinq, indústria de brinquedos, comenta que: “Na China, estão sabendo do debate e torcendo para que o governo faça esse retorno porque, para eles, representaria um ganho de competitividade em relação ao Brasil. Nós entendemos as razões, o governo procura receita, mas o IPI é um imposto velho, desleal e desigual”.
Dessa forma, para Abihpec, indústria de produtos de higiene e perfumaria, a retomada da alíquota provocaria efeito inflacionário com potencial retração no consumo.
Em nota, a Abihpec declarou: “Como existe a expectativa de discussão da reforma tributária ainda nos cem primeiros dias de governo, o momento não é apropriado para aumentar o imposto. Traria um efeito negativo para o nosso setor, um efeito em cascata que pode não ser benéfico para economia como um todo”.
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