Braskem testa inovação em substância usada no plástico PET
Cana-de-açúcar é o ingrediente renovável testado na fabricação
A sustentabilidade em alta com o intuito de utilizar as diversas matérias-primas renováveis que o meio ambiente proporciona e, com intenção de desenvolver outra ação de trabalho sustentável é que a Braskem, maior petroquímica das Américas, iniciou parceria com a Haldor Topsoe, especialista dinamarquesa em catalisadores, para construir uma fábrica em miniatura para testes de viabilidade de produção em grande escala do componente monoetilenoglicol (MEG), que é um dos principais ingredientes do PET.
A Braskem está em fase de testes com o processo químico renovável que pode fazê-la entrar em um novo segmento de mercado, o de insumos para plásticos PET, que são muito utilizados em garrafas de bebidas e possuem uma demanda global de milhões de toneladas por ano.
A unidade de teste terá suas operações iniciadas na Dinamarca em 2019, e ocupará uma área de cerca de 100 metros quadrados, e uma altura equivalente de dois a três andares, segundo o diretor de químicos renováveis em entrevista à Reuters, Gustavo Sergi, sem revelar qualquer valor de investimento. “Não trabalhamos ainda com MEG, já trabalhamos com PET há 10 ou 15 anos, mas podemos agora avaliar a decisão de nos aprofundar na cadeia do PET”, disse Sergi.
O MEG atualmente produzido a partir do petróleo ou gás natural, e a empresa indiana India Glycols fabrica a partir do etanol, enquanto o Brasil é um importador do produto. No ano de 2015, as compras de MEG pela Índia somaram cerca de 100 mil toneladas, relatou. Sergi calcula que a demanda do mercado mundial por MEG está entre 25 e 30 milhões de toneladas anuais, onde 85% é destinado para a produção de PET, que é uma das cinco principais resinas do mundo. O restante é utilizado em aplicações da indústria têxtil, anticongelantes e solventes, afirma Sergi.
A partir de testes de laboratório e pilotos realizados pela Braskem foram demonstrados que o MEG a partir da cana-de-açúcar tem rendimento maior que o obtido a partir do etanol e evitou citar quaisquer números referentes a isso. “A primeira fase dos testes é usarmos açúcar vindo da cana, mas o nosso objetivo é ter flexibilidade para a tecnologia, como utilizar o açúcar vindo de beterraba e açúcar de segunda geração, proveniente de biomassa”, disse o diretor, que citou o açúcar celulósico, que pode ser gerado a partir de resíduos como palha de cana.
A companhia tem uma expectativa de que a decisão a respeito de prosseguir com a construção de uma fábrica em escala industrial, capacitada para centenas de milhares de toneladas ocorra entre 2020 e 2021. O MEG é uma das frentes de desenvolvimento de plásticos, produzidos a partir de fontes renováveis desenvolvidas pela Braskem.
Uma fábrica de “plástico verde” que tem produção de eteno e polietileno a partir da cana-de-açúcar foi inaugurada em 2010 em Triunfo (RS), e tem capacidade para 200 mil toneladas anuais. O investimento nessa unidade, desde 2007, já soma em torno de 300 milhões de dólares, e acrescenta que atualmente a fábrica opera com capacidade quase total, pois segundo Sergi, “a demanda por plástico verde é crescente. Exportamos para Ásia, Europa, Estados Unidos e América do Sul. As empresas consumidoras têm metas de redução de carbono junto a governos e os clientes delas também estão demandando”.